O que é a Fibrilhação Auricular?

Fonte: 

Tradão e Edição de Imagem Científica:

Adaptação Científica:

Drª.Carolina Vaz Macedo

Validação Científica:

Prof. António Vaz Carneiro

Oiça, em 1 minuto, o áudio sobre Cardiologia pelo Dr. Carlos Morais: Fibrilhação Auricular

Veja o vídeo aqui:

Leia o artigo aqui:

O que é?

A fibrilhação auricular é um tipo de arritmia cardíaca (situação em que existe uma frequência ou ritmo cardíaco anormais) em que existem batimentos rápidos e irregulares. Esta irregularidade deve-se ao facto de as duas câmaras superiores do coração (as aurículas) que recebem o sangue que entra no coração estremecerem ou “fibrilharem” em vez de se contraírem normalmente.

Durante um batimento cardíaco normal, os impulsos eléctricos que levam as aurículas a contraírem-se têm origem numa pequena área na aurícula direita denominada nódulo sinusal. No entanto, durante a fibrilhação auricular, estes impulsos provêm de toda a aurícula, desencadeando 300 a 500 contracções por minuto nas câmaras superiores do coração

Normalmente, o nódulo auriculoventricular deveria receber estes impulsos e enviá-los para as duas câmaras inferiores do coração que são responsáveis por bombear o sangue (os ventrículos), mas, durante a fibrilhação auricular, fica submerso por todos os impulsos que recebe das aurículas e causa batimentos cardíacos rápidos e irregulares, com 80 a 160 batimentos por minuto. Uma frequência cardíaca normal situa-se entre os 60 e os 100 batimentos por minuto.

Os batimentos cardíacos rápidos e irregulares causados pela fibrilhação auricular não conseguem bombear eficientemente o sangue para fora do coração. Consequentemente, o sangue tende a acumular-se nas câmaras do coração, aumentando o risco de formação de coágulos de sangue no seu interior. Estes podem sair do coração e entrar na corrente sanguínea, circulando através do corpo e acabando por se alojar numa artéria, causando um tromboembolismo pulmonar (embolia), um acidente vascular cerebral ou outros problemas (dependendo do local da artéria obstruída pelo coágulo).

Qualquer causa de perturbação dos impulsos eléctricos normais no coração pode desencadear uma arritmia cardíaca, levando o coração a bater de forma demasiado rápida, demasiado lenta ou erraticamente. Os factores principais que aumentam o risco de fibrilhação auricular são:

  • Idade

  • Doença coronária

  • Doença cardíaca reumática (causada pela febre reumática)

  • Hipertensão arterial

  • Diabetes

  • Tireotoxicose (excesso de hormonas tiroideias)

Em muitas pessoas, a causa da fibrilhação auricular é mais grave do que a arritmia propriamente dita.

Sintomas

A fibrilhação auricular é frequentemente assintomática. Quando ocorrem sintomas, eles podem incluir:

  • Palpitações (consciência de batimentos cardíacos rápidos)

  • Desmaios

  • Tonturas

  • Fraqueza

  • Falta de ar

  • Angina de peito (dor causada por uma redução do fornecimento de sangue ao músculo cardíaco)

Algumas pessoas com fibrilhação auricular apresentam períodos com batimentos cardíacos completamente normais.

Diagnóstico

O médico irá fazer-lhe perguntas sobre a sua história familiar de doenças cardiovasculares, irá rever a sua história clínica pessoal, incluindo quaisquer possíveis factores de risco para a fibrilhação auricular, e irá igualmente pedir-lhe para descrever os sintomas cardíacos específicos, incluindo quaisquer possíveis factores desencadeantes para as palpitações, tonturas ou falta de ar.

O médico irá examiná-lo, avaliando a frequência e o ritmo cardíacos, assim como o pulso. Na fibrilhação auricular, o pulso frequentemente não corresponde aos sons cardíacos que o médico ausculta através de um estetoscópio.

O diagnóstico de fibrilhação auricular pode geralmente ser confirmado através de um electrocardiograma (ECG). No entanto, uma vez que a fibrilhação auricular tende a ser intermitente, um ECG de rotina pode ser normal. Neste caso, pode recorrer-se a uma técnica denominada electrocardiografia de ambulatório, em que o doente usa uma máquina de ECG portátil denominada monitor de Holter, geralmente durante 24 horas.

Duração esperada

A duração da fibrilhação auricular depende da causa. Por exemplo, se esta arritmia for causada por um problema como doença coronária, doença cardíaca reumática, hipertensão ou tireotoxicose, o ritmo anormal pode desaparecer quando a doença é tratada. No entanto, a fibrilhação auricular que não tem uma causa conhecida ou que resulta de uma doença cardíaca de longa duração é frequentemente um problema que persiste durante toda a vida.

Prevenção

A fibrilhação auricular resultante de doença coronária pode ser prevenida através das seguintes medidas para modificar os factores de risco:

  • Mantenha uma dieta com um baixo teor de gorduras.

  • Controle o colesterol e a pressão arterial elevada.

  • Não beba mais de duas bebidas alcoólicas por dia.

  • Deixe de fumar.

  • Controle o peso.

  • Pratique exercício físico regular.

Algumas causas de fibrilhação auricular não podem ser prevenidas.

Tratamento

O tratamento depende da causa. Se a causa for uma doença coronária, o tratamento pode consistir em alterações do estilo de vida, medicamentos para tratar a pressão arterial elevada e o colesterol elevado e/ou procedimentos como uma angioplastia e uma cirurgia de pontagem coronária (bypass). A fibrilhação auricular causada pela tireotoxicose pode ser tratada com medicamentos ou com cirurgia, enquanto a causada por uma doença cardíaca reumática pode necessitar de uma intervenção cirúrgica para substituir as válvulas cardíacas lesadas.

Os batimentos cardíacos irregulares podem ser tratados com medicamentos, como o hidrocloreto de diltiazem, a digoxina ou o verapamil, que diminuem a frequência cardíaca. Outra opção de tratamento é a cardioversão eléctrica, um procedimento que aplica um choque eléctrico ao coração para restabelecer o ritmo cardíaco normal. Embora este procedimento seja eficaz na maior parte dos casos, entre 50 e 75% dos doentes acabarão por desenvolver novamente uma fibrilhação auricular. Medicamentos como a amiodarona, a procainamida ou a quinidina podem ser administrados para tentar prevenir a recorrência da fibrilhação auricular.

Quando os medicamentos não resultam, pode por vezes ser realizado um procedimento denominado ablação por cateter de radiofrequência, em que uma área de tecido no nódulo auriculoventricular é destruída para prevenir que um excesso de impulsos eléctricos passe das aurículas para os ventrículos. Esta intervenção bloqueia frequentemente todos os impulsos eléctricos, pelo que é necessário implantar subsequentemente um pacemaker para controlar a frequência e o ritmo cardíacos.

Noutra intervenção cirúrgica são criadas cicatrizes nas câmaras superiores do coração para evitar que a actividade eléctrica anormal se espalhe e cause uma fibrilhação auricular. Este procedimento pode ser efectuado durante uma cirurgia cardíaca se o doente necessitar de uma intervenção cirúrgica por qualquer outra razão ou, sem cirurgia, através da utilização de cateteres especiais. No entanto, esta abordagem é relativamente nova e, por enquanto, os médicos não a estão a recomendar como primeira abordagem para a fibrilhação auricular.

Além dos tratamentos descritos acima, as pessoas com fibrilhação auricular recebem frequentemente medicamentos para prevenir os coágulos de sangue que podem conduzir a um acidente vascular cerebral, a uma embolia pulmonar e a outras complicações. Isto geralmente inclui medicamentos anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários, tais como a varfarina e a aspirina.

Quando contactar um profissional

Contacte o médico se tiver sintomas sugestivos de fibrilhação auricular, incluindo palpitações, desmaios, tonturas, fraqueza, falta de ar ou dor no peito.

Prognóstico

Quando uma causa de fibrilhação auricular é identificada e tratada, a arritmia é frequentemente eliminada. A fibrilhação auricular tem uma menor probabilidade de desaparecer nas pessoas que têm uma doença cardíaca reumática de longa duração ou qualquer situação na qual as aurículas estão aumentadas de tamanho. Quando a fibrilhação auricular não desaparece ou recidiva com frequência, o risco de um acidente vascular cerebral ou de outra complicação pode ser reduzido através da utilização de medicamentos anticoagulantes.

Informação Adicional

Sociedade Portuguesa de Cardiologia

http://www.spc.pt

Campo Grande 28, 13º   1700-093 Lisboa

Telefones: 217978605, 217817630

Fax: 217931095

Alto Comissariado da Saúde

Deixe um comentário